sábado, 19 de abril de 2008

sobre idealismo...

“Senhor, em nome do povo Rio-grandense, depus o Governo Braga, e entreguei o governo ao seu substituto legal, Marciano Ribeiro. E em nome do Rio Grande do Sul eu lhe digo, que nesta Província extrema, afastada dos corrilhos e convenientes da Corte, dos rapapés e salameleques, não toleramos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer espécie. O Pampeiro destas paragens tempera o sangue rio-grandense de modo diferente de certa gente que por aí há. Nós rio-grandeses preferimos a morte no campo áspero da batalha, às humilhações nas salas blandiciosas do Paço do Rio de Janeiro.

O Rio Grande é a sentinela do Brasil, que olha vigilante para o Rio da Prata. Merecemos, pois, mais consideração e respeito. Não podemos e nem devemos ser oprimidos pelo despotismo. Exigimos que o Governo Imperial nos dê um Governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, pelo nosso progresso, na mão saberemos morrer com honra, ou viver com liberdade. É preciso que Vossa Senhoria, Senhor Regente, saiba que é obra difícil, senão impossível, escravizar o Rio Grande impondo-lhe Governadores despóticos e tirânicos.

Em nome do Rio Grande, como brasileiro, eu lhe digo, Senhor Regente: reflita bem antes de responder, porque de sua resposta depende, talvez, o sossego do Brasil. Dela resultará a satisfação dos justos desejos de um punhado de brasileiros que defendem contra a voracidade espanhola uma resga fecunda da Pátria, e dela também, poderá resultar uma luta sangrenta, a ruína de uma Província, ou a formação de um novo Estado dentro do Brasil.”

Considerações,

Bento Gonçalves da Silva

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